A professora tinha lido este evangelho na hora do catecismo e fiquei atingida na minha alma pela sua beleza. Na primeira oportunidade aproveitei a sentença na composição que foi muito aplaudida, para minha felicidade suplementar. Repetia em casa composições, poesias, era escolhida para recitá-las nos auditórios, coisa que durou até me formar professora primária. Tinha bons ouvintes em casa. Aplaudiam a filha que tinha "muito jeito pra essas coisas". Na adolescência fiz muitos sonetos à Augusto dos Anjos, dando um tom missionário, moralista, com plena aceitação do furor católico que me rodeava. A palavra era poderosa, podia fazer com ela o que eu quisesse."
Olá, galera! Começamos nosso Amando a Poesia de um jeito diferente, para que todos possamos entrar no clima de simplicidade e beleza da nossa homenageada de hoje: Adélia Prado! Vamos conhecê-la, e nos apaixonar por essa figura encantadora!
Adélia Luzia Prado Freitas nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, em 1935. Formou-se em filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Divinópolis. Após sua formação, começou a escrever, e teve Carlos Drummond de Andrade como um de seus maiores incentivadores, ajudando-a inclusive a lançar seu primeiro livro. A moça simples de alma grande permanece encantando o mundo, enchendo-nos de poesia!
Vamos conhecer um pouco mais da sua poesia?
Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou:vai carregar bandeira.Cargo muito pesado pra mulher,esta espécie ainda envergonhada.Aceito os subterfúgios que me cabem,sem precisar mentir.Não sou feia que não possa casar,acho o Rio de Janeiro uma beleza eora sim, ora não, creio em parto sem dor.Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.Inauguro linhagens, fundo reinos— dor não é amargura.Minha tristeza não tem pedigree,já a minha vontade de alegria,sua raiz vai ao meu mil avô.Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.Mulher é desdobrável. Eu sou.
Adélia Prado
O que acharam? Inspirem-se!
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